sexta-feira, 28 de novembro de 2008

ARTIGO: OBAMA, O BRASIL E O MARANHÃO


No fim da noite de 4 de novembro de 2008, ao som de gritos entusiasmados e lágrimas de alegria, os Estados Unidos elegeram Barack Hussein Obama, o primeiro presidente negro da historia do país. A festa nas ruas e o patriotismo expresso no rosto das pessoas lembravam o Brasil nas noites em que ganhamos copas do mundo. Mas aqui o fato comemorado era outro, os Estados Unidos tinham vencido uma luta social interna, o racismo, em nome da mudança.


E importante ressaltar um pouco da historia americana para melhor entender a magnitude da vitória de Obama. Em 1600 os africanos chegaram nos Estados Unidos, acorrentados de dois em dois, a perna esquerda de um na perna direita do outro. Eles vinham de milhares de vilas e vilarejos do oeste da África. Assim que chegavam eram vendidos. Em 1865 os Estados Unidos aboliram a escravatura. Mas o preconceito racial continuava estampado nas ruas americanas. Nos anos 20 e 30 o racismo entrou em uma de suas eras mais sombrias. Nos anos 50 e 60 um grupo de ativistas como Rosa Parks, Freedom Riders, Linda Smith e outros tomaram passos decisivos na luta por um país mais justo.

Em 1963, quando Barack Obama tinha apenas três anos, Martin Luther King desafiou a nação com seu brilhante discurso “I Have a Dream”. Pioneiro da luta civil americana, o sonho de King era que cada homem fosse julgado pelo seu caráter ao invés da cor da sua pele. Cinco anos depois King foi assassinado. A desilusão invadiu o país.

Agora com a eleição de Obama, os americanos provaram que os princípios que fundaram os EUA, ainda estão vivos no coração da maioria. No começo, há quase 22 meses atrás, eram poucos os que conheciam o senador de primeiro turno, Barack Obama; e ainda menor, era o grupo que acreditava que ele poderia ser presidente desse país.
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No começo da campanha, quando os democratas procuravam candidatos, o jornal Washington Post declarava: “já está na hora dos democratas elegerem alguém que possa realmente ganhar e Obama não é essa pessoa”. Na verdade, no início da campanha, nem os negros acreditavam que ele poderia chegar onde chegou. As pesquisas indicam que, Hillary Clinton tinha mais votos da população negra do que o próprio Obama.

Foi por conta de muita perseverança, diplomacia e discursos motivadores que Obama conquistou cada americano. Prometendo mudança, seu tema de campanha, Inspirou os jovens ao redor do país a votar pela primeira vez. Conseguiu o apoio de figuras influentes como Collin Powell e Warren Buffet, e insistiu na idéia de que os Estados Unidos é um país só, com brancos, negros e pardos, todos lutando pelos mesmos ideais.

Quanto mais conhecemos a história de Obama, mais fácil acreditar no potencial dele de superar os sérios problemas que a nação enfrenta hoje. Descendente de uma tribo do Kenya, Obama nasceu nos Estados Unidos, seus pais se divorciaram, morou na Indonésia, foi criado pela avó no Havaí. Conseguiu entrar em Harvard, e quando conseguiu seu diploma de Advogado optou por trabalhar para a comunidade ao invés de uma prática privada, o que lhe traria mais dinheiro. Foi eleito senador pelo Estado de Illinois, e antes de terminar o primeiro mandato se candidatou a presidente dos Estados Unidos, quebrando barreiras de racismo e conquistando estados que geralmente não votavam em seu partido.
Mas, antes que o presidente eleito chegue a Casa Branca, existem vários problemas a enfrentar. Os Estados Unidos vivenciam uma crise econômica que se globaliza a cada minuto. Há também duas guerras, no Afeganistão e no Iraque, que envolvem 12 bilhões de dolares todo mês. A reputação internacional da nação precisa ser restaurada, os americanos exigem melhores planos de saúde, o país necessita investir em outras formas de energia além do petroleo... E a lista continua.
Para o Brasil, a eleição de Obama é vista com otimismo. É o fim do imperalismo da era Bush. Podemos esperar um presidente mais aberto à comunicação, um presidente mais diplomata. Obama tem em seus planos o objetivo de incentivar empreendedores em países em desenvolvimento, como o Brasil. Ele tem manifestado o desejo de retomar a comunicação com países como a Bolívia e a Venezuela, tendo o Brasil como mediador desse relacionamento. Uma das suas prioridades é a pesquisa e o investimento em fontes de energia alternativa ao petróleo. O Brasil tem se mostrado eficiente na produção do etanol. Talvez esse seja o nosso momento. Talvez agora o Brasil consiga convencer os Estados Unidos a diminuir as barreiras de importação para fazer do nosso etanol um produto rentável.
Os anos Obama apontam para o Maranhão um caminho para a exportação do etanol, em um mercado ávido de energia como o americano. Afinal, estudos efetuados pela USP (2007) mostram que a produção de etanol e sua comercialização para os EUA, pelo Porto do Itaqui, é uma viabilidade econômica bem interessante. Agora cabe a nós torcer para que o presidente eleito encare o desafio de diminuir os subsídios aos produtores de álcool extraído do milho americano.
Independente das nossas expectativas, a mais urgente de todas com certeza, é o apaziguamento da crise econômica. O mercado americano precisa superá-la voltando a ser um mercado atrativo para o mundo. A crise americana está espalhada e precisa ser urgentemente tratada.
Assim como o jornal alemão Bild que recebeu o novo presidente com a manchete: “Bom Dia Sr. Presidente, Faça o Mundo Melhorar!” Deixamos ao novo presidente eleito, a nossa admiração por ter chegado onde chegou e de quebra a nossa lista de expectativas.

Maira Moraes é maranhense, formada em Administração de Empresas, com Especialização em Marketing pela EAST Central University dos EUA. Atualmente cursa o MBA na Oklahoma City University.

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